Cultura pode ajudar a formar e qualificar estudantes

Uma das principais metas do Ministério da Cultura é estreitar as relações intelectuais e artísticas para auxiliar na formação cidadã do aluno. E quebrar as barreiras de acesso à cultura é o maior desafio. Ir ao cinema, teatro, exposição, concerto não faz parte do roteiro da maioria dos jovens que vivem em comunidades carentes. Portanto, é na escola, através do professor, que a juventude tem alguma possibilidade de ter acesso às ferramentas culturais.

"É fundamental que o educador faça um diálogo entre a cultura erudita e as culturas dos alunos, que eles vivenciam regularmente" destaca Ana Canen, PhD em Educação e professora da Faculdade de educação da UFRJ. "Em uma avaliação, por exemplo, em vez de o aluno fazer uma prova escrita, nos moldes tradicionais, o professor pode pensar em instrumentos mais lúdicos para perceber qual foi o conteúdo assimilado.

Ana acrescenta que, para tanto, as secretarias de educação precisam investir na formação e na qualificação do professor, com cursos, palestras, atualizações.

"Quando o educador pensa e aceita a cultura do aluno, é importante para o jovem do ponto de vista cognitivo porque ele aprende melhor, já que não há como educar sem levar em conta o que ele já sabe; do ponto de vista social, porque ele se sente integrado e representado, e até emocional já que o clima de valorização da cultura dos alunos minimiza os deboches em sala de aula" detalha.

Na visão do professor Aroldo Magno de Oliveira, doutor em estudos de linguagem, a cultura deve ser trabalhada com alunos de forma a dar a eles um senso crítico, questionar mais o que lhes é apresentado.

"A partir de um filme, o trabalho interessante é observar as outras manifestações artísticas e os aspectos instituintes, os mais criativos, que vão mexer com o pensamento hegemônico da sociedades brasileira, provocado, principalmente, pela programação da TV aberta, que é expressão cultural que a grande parte da população tem acesso" exemplifica o professor da Faculdade de Educação da UFF.

Para tanto, Magno também frisa a importância da qualificação do professor. "A formação política dos professores ainda está atrelada a uma categoria hegemônica de pensamento. Há que se criar as condições necessárias de se pensar a realidade fora do senso comum".

Da teoria à prática
Na última semana, o governo estadual lançou a segunda edição do programa Cinema para Todos que, ao todo, vai distribuir 300 mil ingressos a alunos da rede pública.

"Eu acredito na filosofia do Titãs: A gente não quer só comida/A gente quer comida, diversão e arte. O que nós estamos fazendo é permitir que esses jovens possam ter acesso a uma cultura de qualidade, capaz de contribuir para a formação e para o desempenho escolar" afirma o governador Sérgio Cabral.

Cerca de 400 alunos assistiram no Art-West Shopping, em Campo Grande, na Zona Oeste, ao filme Verônica, do diretor Maurício Farias, protagonizado por Andréa Beltrão.

"Educação e cultura vivem juntas, e é isso que faz com que a gente consiga criar alunos cidadãos com uma visão de mundo mais interessante" resume a secretária de Educação, Tereza Porto.

Os alunos, que caíram na festa com o governador, deram nota 10 à iniciativa.

"A gente não aprende só na sala de aula, é um complemento do que foi ensinado" elogiou Laísa Santos, 14 anos, aluna no 1º ano do Centro Interescolar Miécimo da Silva.

JB Online