Uma estréia sem graça

A caminhada do Brasil em direção à Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, começou com um empate sem gols – e sem graça – com a Colômbia, ontem, em Bogotá. Pelo menos um ponto foi somado na tabela de classificação das Eliminatórias Sul-Americanas. Agora, o técnico Dunga tem apenas três dias para ajustar a equipe antes do próximo compromisso, diante do Equador, quarta-feira, às 22h, no Maracanã. E vai precisar de muitos ajustes.

Choveu muito na cidade de Bogotá, ontem, e o trio de arbitragem chegou a fazer uma inspeção no gramado antes de autorizar o início da partida.

Início de Copa para o Brasil, único país que esteve em todos os Mundiais e que precisou esperar 45 minutos, um tempo inteiro, até que o campo fosse liberado e a bola pudesse, finalmente, rolar. A catimba dos dirigentes colombianos foi grande, tentando atrapalhar a preparação pré-jogo dos atletas brasileiros.

Talvez pelas condições do gramado molhado, ou a bola (a federação anfitriã escolhe a marca), a altitude de 2,6 mil metros (onde a bola corre mais que o habitual), quem sabe o tal nervosismo das estréias, o fato é que os brasileiros pareceram desconfortáveis no início do jogo.

Desde o início, o desempenho brasileiro foi sofrível

O passe não saía redondo, o tempo de bola foi um problema, nem a marcação encaixou. O desempenho era digno de uma pelada jogada sem compromisso.

Tanto que as melhores (e poucas) oportunidades de perigo foram protagonizadas pelos colombianos, que pareciam mais entrosados.

O Brasil sobrevivia do brilho individual, o que não é nenhuma novidade, e construiu suas chances em raríssimos lampejos criativos do trio formado por Ronaldinho, Kaká e Robinho.

No início do segundo tempo, a Seleção Brasileira manteve mais a posse de bola, mas teve ainda menos objetividade.

Os passes eram trocados sem conseqüência por Lúcio, Juan e até Mineiro. Quem tinha capacidade para armar com qualidade, mal aparecia, como Kaká e Ronaldinho.

Dunga tira atacantes e sepulta chance de vitória

A área colombiana foi território inabitado por brasileiros. E em time que não ataca… o técnico tira os dois atacantes e… põe em campo um meia e um volante!

Uma alteração bastante estranha, que congestionou o meio-de-campo e deixou o time sem referência na frente.

O resultado foi um resto de jogo sem lances ofensivos, com muita briga e nenhuma inspiração, uma caricatura sofrível do que deve ser o caminho do Brasil rumo a mais uma Copa do Mundo.

Ainda bem que 2010 está longe! Há chance de melhorar o entrosamento e, quem sabe, escolher algumas peças melhores.

Cotação
BRASIL
Julio Cesar – Foi bem em todas as intervenções que precisou fazer. Mostrou que é o titular da posição para as Eliminatórias. Nota 8
Maicon – Apoiou pouco. Não conseguiu usar sua principal virtude: a força física. Nota 5,5
Lúcio – Seguro como sempre, jogou sério e errou pouco. Nota 7
Juan – Também fez boa partida, mas precisa tomar mais cuidado nas arrancadas. Nota 6,5
Gilberto – Também ficou restrito à marcação e por pouco não cometeu um pênalti que poderia ter complicado a vida da Seleção. Nota 5
Gilberto Silva – Precisa jogar mais, principalmente na saída de bola. Nota 5
Mineiro – Ajudou a marcar e ainda arriscou uma boa conclusão a gol. Nota 6,5
Ronaldinho Gaúcho – Pouco tocou na bola. Além das bolas paradas, só criou um lance de perigo. Nota 6
Kaká – Tem muito mais a mostrar. Assim como Ronaldinho Gaúcho, também só organizou um lance de perigo no ataque. Nota 6
Robinho – Um chute a gol e nada mais. Provavelmente a lesão que vinha sentindo atrapalhou. Nota 5
Vágner Love – Não fez nada e Dunga demorou muito para sacar o jogador. Nota 4
Júlio Baptista – Tentou dar mais mobilidade ao meio-de-campo, porém, não produziu nada muito objetivo no pouco tempo em que esteve atuando. Nota 5,5
Josué – O meio-de-campo melhora com ele no gramado. Nota 6
Afonso – Ficou em campo apenas cinco minutos. Sem nota
COLÔMBIA
O renovado time colombiano parece ser consistente defensivamente, e tem dois bons atacantes. Tanto Rentería, conhecido dos brasileiros, do tempo em que defendia o Internacional, e o jovem Falcao, de quem a torcida do Botafogo tem tristes recordações (ajudou o River Plate a eliminar o Fogão na Copa Sul-Americana), deram trabalho à defesa brasileira. Mesmo assim, a Colômbia ainda tem muito a crescer se quiser se credenciar a uma vaga o Mundial. Nota 5,5

Fonte: Diário Catarinense