Cresce o número de mortes nas BRs

 
Trânsito
Cresce o número de mortes nas BRs
MARIANA ORTIGA

 
 
 

A morte de Waldoir Rosa, 34 anos, em um acidente na BR- 101, em Araranguá, no Sul do Estado, na última quinta-feira, tornou o primeiro semestre de 2007 o mais violento dos últimos cinco anos nas rodovias federais que cortam o Estado.

Além do triste recorde em relação às vítimas fatais, os primeiros seis meses do ano também se destacam pelo número de acidentes, feridos e veículos envolvidos em desastres.

A aventura de transitar pelas estradas federais em Santa Catarina deixou 284 mortos do início ao meio do ano. A última vítima foi o ciclista Adelino Alves Ramos, 55 anos, atropelado na BR-470, na altura de Indaial, na manhã de sábado.

Embora o montante represente nove mortes a mais do que no primeiro semestre de 2005, época em que o número de vítimas fatais mais se aproximou do atual, os acidentes e os feridos chegaram a superar anos anteriores em até 30%, numa estatística que vem se elevando.

Para explicar o aumento das tragédias nas BRs, especialistas apontam o fato de o crescimento da frota ser maior do que o da estrutura viária. Enquanto o número de estradas federais do Estado mantém-se há 10 anos, o de veículos duplicou, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O que se reflete no maior número de carros envolvidos em acidentes, que passou de menos de 10 mil, na primeira metade de 2002, para mais de 12 mil, em 2007.

Outro fator que vem contribuindo para a superlotação das BRs é o caos nos aeroportos. Para o policial rodoviário federal Adriano Fiamoncini, muita gente que viaja de carro estaria em aviões, não fosse a crise aérea. Isso sem contar com o movimento durante as temporadas de Verão e de Inverno.

– Quanto mais carros, maior a probabilidade de o motorista enfrentar filas. A fila, por sua vez, atrasa e estressa, impulsionando o motorista a dirigir muitas vezes de forma imprudente, desrespeitando o limite de velocidade, para compensar o tempo perdido e chegar ao destino na hora prevista – diz Fiamoncini.

Estatística da PRF exclui mortos em hospitais

E é justamente a imprudência que mata, segundo o doutor em Sistemas de Transporte, Valter Tani. Se os acidentes aumentam em virtude da demanda de veículos, o número de mortes é relacionado por ele a atitudes inconseqüentes no trânsito, que ocorrem pela falta do que chama percepção de risco.

– As pessoas não percebem os perigos de uma ultrapassagem, por exemplo, em uma via de pista simples. Os condutores ainda não têm consciência dos danos que podem causar, por isso o comportamento humano continua sendo o que mais mata – ressalta.

O aumento gradativo do percentual de motos, que, no ano passado, correspondiam por aproximadamente 23% do total dos veículos catarinenses, também está entre os fatores que ajudariam a explicar os números deste primeiro semestre, segundo a PRF, devido à probabilidade de um motociclista ferir-se gravemente ser maior do que a de um condutor de automóvel.

O número de mortos contabilizados pela polícia não inclui os que morrem a caminho ou dentro do hospital. E a estimativa é que de 20% a 30% dos feridos em acidentes de trânsito morram nessas condições.

Fonte: Diário Catarinense