Gado de SC barrado na divisa do RS

Os bois catarinenses não podem entrar no Rio Grande do Sul. Apesar de Santa Catarina ter sido reconhecida em maio, pela Organização Mundial de Saúde Animal, como Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação. Mas nem o certificado internacional foi o suficiente para garantir acesso ao estado vizinho.

Tudo por determinação de uma portaria do Departamento de Produção Agropecuária do Rio Grande do Sul, a 49/07, que proíbe a entrada de animais suscetíveis à febre aftosa de outros estados. A medida atinge bovinos, caprinos, ovinos e bubalinos. Pela lógica, deveria atingir também suínos, que são suscetíveis à doença. Mas, provavelmente devido a grande exportação de suínos do Rio Grande do Sul para a Rússia, eles não estão sendo barrados.

A situação revolta os pecuaristas e lideranças catarinenses. O pecuarista Wilson Locatelli tem propriedade em Chapecó, com cerca de 700 bovinos, e outra em Alpestre, no Rio Grande do Sul. A distância entre as duas é de cerca de 50 quilômetros. Mas ele não pode atravessar o Rio Uruguai com bovinos.

Recentemente, ele vendeu 300 animais para uma cooperativa de Panambi e pretendia repor o plantel. Como está difícil encontrar gado para engorda no Rio Grande do Sul, pretendia utilizar animais de Santa Catarina. Ele já havia separado 300 bezerros. Mas a transferência foi impedida pelas autoridades sanitárias da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul.

O presidente do Núcleo dos Criadores de Bovinos de Chapecó e Região, Rosalvo Bertoli, disse que a medida gaúcha é política e não tem embasamento técnico, pois o status sanitário catarinense é superior ao status gaúcho, que é de zona livre de aftosa com vacinação. O presidente do núcleo dos criadores acredita que esteja havendo retaliação, já que Santa Catarina não permite entrada de animais vivos no Estado.

Para o produtor, a portaria gaúcha estimula o comércio clandestino entre os dois estados.

Fonte: Diário Catarinense  ( darci.debona@diario.com.br )