Brasil perde o posto de maior juro do mundo
Mais uma vez o Banco Central (BC) agiu conforme o previsto pelos analistas do mercado financeiro. O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu ontem a taxa de juros de 12% para 11,5% ao ano. Mas a votação foi apertada: quatro diretores votaram em uma queda de 0,5 ponto percentual, mas outros três queriam uma redução de 0,25 ponto. Este foi o 17º corte consecutivo nos juros básicos, num ciclo iniciado em setembro de 2005, quando a taxa foi reduzida de 19,75% para 19,50%.
A baixa cotação do dólar e a inflação sob controle contribuíram para a decisão de ontem, que tirou o Brasil do posto de país com maior juro real (descontada a inflação). Com a redução, o juro real do país passou para 7,7%, abaixo dos 8,2% da Turquia, que assumiu a liderança no ranking da UpTrend Consultoria.
A redução dos juros também ajuda a combater a desvalorização do dólar em relação ao real. Isso porque parte da apreciação é causada pelos dólares que entram no país por meio dos investidores que buscam rentabilidade maior para suas aplicações. Esse fluxo de moeda estrangeira colabora para a queda da cotação do dólar. O mesmo efeito tem os recursos das exportações.
Mas a queda de 0,5 ponto percentual na taxa básica terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito, constata a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Medida ainda gera críticas
Segundo estudo, há uma diferença enorme entre a Selic e a taxa média de crédito ao consumidor, que deve passar de 133,5% ao ano para 132,4%, queda de 0,8%. Em 23 meses, a Selic caiu 41,7% – de 19,75% para 11,5% – enquanto as taxas cobradas dos consumidores tiveram uma redução de apenas 6,2% no período – de 141,1% para 132,4% ao ano.
O corte na taxa básica de juros desagradou a Anefac.
– A queda poderia e deveria ser maior, uma vez que este é o momento de o Banco Central ousar. Não podemos deixar o país praticando uma disciplina econômica desequilibrada – afirmou o vice-presidente da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira.
A Força Sindical também criticou a dosagem no corte e argumentou que o Copom precisa ser mais ousado, pois um corte como o de ontem não condiz com a pressa que os trabalhadores desempregados têm de conseguir empregos e os trabalhadores empregados de conquistar reajustes salariais mais altos. A próxima reunião do Copom será nos dias 4 e 5 de setembro. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a autoridade monetária trabalha focada no centro da meta da inflação, que é de 4%.
– Não há motivo para mudarmos a condução da política monetária.
Taxas bancárias |
A Caixa Econômica Federal (CEF) informou que diminuirá, a partir de hoje, as taxas de juros de algumas operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas. No Crédito Direto Caixa (CDC), a taxa mínima cairá de 3,59% para 3,49%. |
As novas taxas do BB entram em vigor na próxima segunda-feira. As taxas mínimas do cheque especial e do cartão de crédito serão reduzidas de 1,90% ao mês para 1,86% ao mês. |
O Bradesco diminuiu as taxas de juros de diversas modalidades de crédito. Para os clientes pessoa física, os juros do cheque especial caíram de 7,95% ao mês para 7,91% ao mês na máxima, e de 4,42% ao mês para 4,39% ao mês na mínima. |
clicRBS |
Veja a evolução da Taxa Selic nos últimos anos |
Fonte: Diário Catarinense