UFSC pesquisa vacina contra o avanço do sintoma da Aids

Os esforços mundiais para diminuir o sofrimento dos pacientes infectados com o vírus HIV também envolvem pesquisadores do Estado. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um grupo do Laboratório de Imunologia Aplicada, ligado ao Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas, estuda uma vacina destinada a retardar o desenvolvimento dos sintomas da doença no corpo humano.

Há cerca de dois meses, o laboratório recebeu financiamento de U$ 100 mil do Ministério da Saúde para continuar a pesquisa até 2009. Os trabalhos foram iniciados em 2003, e são desenvolvidos em parceria com o Instituto Wistar, instituição de pesquisa na área biomédica dos Estados Unidos.

De acordo com o professor Aguinaldo Roberto Pinto, coordenador do estudo na UFSC, a pesquisa analisa a resposta em mucosas do organismo (como boca, nariz e vagina) após a administração da vacina.

Ela não impede a infecção pelo HIV, mas, pelo que indicam os resultados obtidos até agora, poderia alterar o grau de evolução da doença, retardando o desenvolvimento dos sintomas e diminuindo a quantidade de vírus no organismo. Este fato faz com que as chances de transmissão sejam menores.

O professor destaca que os resultados não são conclusivos, pois a vacina ainda está sendo testada em camundongos.

No Instituto Wistar, os pesquisadores já trabalham com chimpanzés, que é a chamada fase pré-clínica.

Na UFSC, a pesquisa não chegará a esta etapa porque não há centros com primatas para pesquisas em Santa Catarina. Os resultados poderão ser encaminhados à instituição norte-americana.

Próximo passo é estudar a resistência a medicamentos

A principal dificuldade para o desenvolvimento de vacinas, segundo Aguinaldo, é o fato de o vírus HIV sofrer mutações e possuir diversidade genética, sendo classificado em tipos, grupos, subtipos e formas virais recombinantes.

Para estudar a resistência dos diferentes tipos de vírus aos coquetéis de medicamentos, o laboratório da UFSC aguarda a aprovação de outro projeto pelo Ministério da Saúde.

Com base em uma pesquisa já iniciada sobre o subtipo de vírus HIV que prevalece em Santa Catarina, e que será estendida para o Paraná, o grupo pretende saber quais os subtipos de vírus que são resistentes e a quais medicamentos. Com base nos resultados, os médicos decidirão os tratamentos mais adequados para cada paciente.

A proposta prevê o envolvimento de 200 pacientes que ainda não começaram a receber medicações e que são atendidos em três cidades: São José (SC) e Maringá e Londrina, ambas no Paraná. O estudo deverá ter duração de um ano.

Com base nos resultados, os médicos poderão decidir os tratamentos mais adequados para cada paciente.

( estephani.zavarise@diario.com.br )

Os estudos da vacina no mundo
> Diversas universidades e empresas farmacêuticas em todo o mundo pesquisam vacinas contra a Aids.
> Menos de 10 instituições já fazem testes em seres humanos, mas resultados conclusivos não devem sair a curto prazo.
> A maioria das vacinas estudadas, assim como a pesquisada na UFSC, não previne a infecção pelo vírus.
Elas procuram controlar a evolução da doença, fazendo com que a pessoa tenha menos sintomas e viva durante mais tempo, além de diminuir a probabilidade de transmissão do vírus.
Fonte: Laboratório de Imunologia Aplicada da UFSC