Funcionários públicos são presos por roubarem drogas apreendidas pela polícia em Florianópolis
Um casal que trabalhava no funcionalismo público foi preso na noite desta terça-feira, em Florianópolis, por tráfico de drogas.
Flávia Maria Dias, funcionária terceirizada do Instituto Geral de Perícias (IGP), e Rubens Lopes Fernandes, que atualmente era motorista do Ministério Público (MP) de Santa Catarina e já havia trabalhado na Polícia Civil, foram detidos por policiais da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) no Terminal do Rio Tavares, Sul da Ilha de Santa Catarina.
Segundo as investigações, iniciadas há dois meses, Flávia trabalhava no setor de protocolo, para onde a droga apreendida no Estado é encaminhada. Com a ajuda do companheiro, ela desviava parte deste entorpecente, que era revendido a traficantes do Sul da Ilha.
— Ela pegava essa droga no protocolo, levava para casa com o documento oficial que encaminha essa droga com o auto de constatação provisório e a pesagem nem sempre exata, e junto com ele (Rubens) tirava parte dessa droga, devolvia para o IGP e passava despercebida por todos, inclusive pelos outros funcionários — explicou o delegado Alexandre Kale, da Divisão de Repressão a Entorpecentes.
Segundo ele, depois que o IGP recebe o auto de constatação provisório, é feito o auto de constatação definitivo, com a pesagem exata da droga, que é anexado aos autos do processo.
O delegado afirmou que o casal tinha facilidade para fazer o desvio em função dos cargos que ocupavam e da experiência de Rubens como policial.
— Tinha toda a facilidade de ela ser contratada do IGP, receber essa droga, e por ele também ser servidor público de nível médio, motorista do MP, ser ex-policial, ter todo conhecimento do modus operandi dos procedimentos policiais, ele tinha facilidade de transportar essa droga, passar despercebido. E também pelo custo zero, que facilitava o lucro exorbitante porque ele subtraía essa droga que a gente tirava de circulação, ele vendia para que outros traficantes revendessem essa droga.
Operação
A operação foi deflagrada na noite de terça-feira, quando Flávia voltava do trabalho. Rubens foi buscá-la no Terminal do Rio Tavares, onde eles foram abordados pelos policiais e levados para casa. Não houve resistência.
Na bolsa de Flávia foram encontradas drogas e uma comunicação interna sobre uma quantidade de cocaína que estava vindo de Itajaí para que fosse feito o laudo definitivo no IGP.
— Nós abordamos eles, fomos para a casa deles. E lá nós encontramos diversas comunicações internas, envelopes oficiais do Estado, coletes da Polícia Civil que já não poderiam estar em poder dele, algemas, bonés da Polícia Militar, munições. Um farto material proibido, de uso restrito da polícia. E ela também não tinha autorização para transportar essa droga. Também tinha uma quantidade razoável de droga na residência, o que corroborou nossa investigação. E constatamos que eles vinham fazendo isso há mais tempo do que eles alegavam.
Segundo o delegado, Rubens, que já havia trabalhado como escrivão da Polícia Civil, papiloscopista do IGP e atualmente era funcionário do MP, não deverá ficar junto com os outros presos porque já foi policial.
— Temos que ter cautela porque ele não tem condições de ficar preso com os demais presos porque ele já foi policial, é servidor do MP. Isso não é visto com bons olhos pelos presos. Nós temos que ter um tratamento diferenciado e acolher num lugar mais seguro.
O casal deverá ser indiciado por tráfico de drogas, associação para o tráfico e peculato.
Para o IGP, não há como saber a quantidade de droga furtada pela funcionária, que já foi demitida.
A assessoria de imprensa do MPSC informou que aguarda a cópia do auto de prisão em flagrante para instaurar imediatamente um processo administrativo disciplinar contra o servidor.
IGP
O diretor do IGP, Giovani Adriano, disse que o instituto apoiou a Deic nas investigações e que ficou surpreso com o crime praticado pelos funcionários.
— O Rubens foi uma surpresa muito grande, era um funcionário da Polícia Civil, trabalhou com a gente também no IGP e atualmente era concursado do MP. E ela era uma pessoa que se relacionava muito bem com a gente.
Adriano também defendeu a realização de concursos públicos para a contratação de servidores. Flávia era funcionária terceirizada.
— A gente precisa ter concurso público também para a carreira de apoio. Que são servidores que passam por uma avaliação psicológica, uma investigação social. Não quer dizer que essa pessoa não vai praticar um delito, mas a probabilidade de praticar é muito menor. Isso dá um pouco mais de segurança pra gente.
Segundo ele, o processo para recebimento da droga está sendo revisto.
— Estamos deslocando uma pessoa de outro setor, que é efetivo, para trabalhar junto com outra pessoa efetiva. Já tinha um efetivo no setor, mas a mulher (Flávia) se aproveitava do momento em que essa pessoa estava atendendo no balcão para praticar esse delito.
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CBN/DIÁRIO