FBI investiga empresas por fraudes no setor financeiro americano
O Federal Bureau of Investigation (FBI) abriu inquérito sobre os problemas financeiros de quatro grandes empresas que estão no centro da atual turbulência nos mercados. Segundo o Wall Street Journal, as investigações preliminares vão se concentrar na possível existência de fraudes como uma das causas para os problemas da Fannie Mae, da Freddie Mac, da Lehman Brothers Holdings e da American International Group (AIG).
Lehman Brothers e AIG não quiseram comentar o assunto, assim como a Agência Federal de Financiamento Habitacional, órgão que regula a Fannie Mae e a Freddie Mac e que tem ambas as instituições sob sua custódia. O FBI diz que agora tem 26 companhias sob investigação, além de examinar mais de 1.400 casos de fraude com hipotecas em todo o país.
O FBI e os órgãos reguladores estão sob crescente pressão para incriminar altos executivos pela crise que abalou o setor financeiro. Nas reuniões com o secretário do Tesouro, Henry Paulson, os congressistas questionaram se, ao assumir grandes participações em algumas empresas financeiras, o governo poderia limitar sua própria capacidade de puni-las pelas irregularidades, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
AE
As razões da crise mundial |
– Bancos americanos como o Lehman Brothers entraram em dificuldades porque investiram no setor de hipotecas. Desde fevereiro de 2007, analistas de Nova York já advertiam para o aumento da inadimplência no mercado subprime de hipotecas, que embutem um risco maior de inadimplência.
– É que, ao se aproveitar do momento de juros baixos, o mercado imobiliário norte-americano vinha vivenciando um boom. Formou-se uma bola de neve: crescia a procura por novas hipotecas para usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e gastar mais. – Na segunda-feira, a crise agravou-se em decorrência do pedido de concordata do Lehman Brothers, quarto maior banco de investimentos dos EUA, com dívidas de US$ 613 bilhões e ativos de US$ 639 bilhões. – O mercado sabia das dificuldades do Lehman Brothers, mas esperava-se uma ajuda do governo americano, que já havia garantido em agosto o resgate das agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac. Mas as tentativas fracassaram e o banco quebrou, elevando a desconfiança e o nervosismo no mercado global fazendo com que as bolsas mundiais despencassem. A Bovespa apresentou a maior queda desde os ataques de 11 de setembro — de 7,59%. – Na segunda-feira, a venda do Merrill Lynch para o Bank of America, por U$ 50 bilhões, ajudou a apimentar ainda mais as turbulências. O receio é que a crise se alastre a atinja outros bancos americanos e no resto do mundo. O mercado está muito preocupado com a AIG, maior seguradora americana. – Na terça-feira, o Fed manteve o juro, medida bem recebida nos mercados mundiais. – O Fed, o banco central americano, disse que não vai ajudar as instituições em crise, deixando investidores temerosos. Grandes jornais americanos, no entanto, avaliaram a decisão como positiva, justificando que os erros deveriam ser assumidos por quem os cometeu. – Além do sistema financeiro, o temor é que a crise impacte ainda mais na economia norte-americana. Uma recessão nos EUA se refletiria em todo o mundo, por ser um grande mercado consumidor. |
A quebra do Lehman Brothers |
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– O Capítulo 11 da lei de falências norte-americana, à qual o banco Lehman Brothers recorreu nesta segunda-feira, permite a uma empresa com dificuldades financeiras continuar funcionando normalmente, dando-lhe um tempo para chegar a um acordo com seus credores.
– A proteção do Capítulo 11 pode ser requerida tanto pela empresa em dificuldades, quanto por um de seus credores. Esse procedimento significa uma vontade de reestruturação da companhia, sob o controle de um tribunal. – Nos Estados Unidos, chama-se "bankruptcy", o que seria "falência"na tradução pelo dicionário. Mas equivale à concordata, no Brasil. |