Medalha sem salto alto
Com jogadas de efeito e dribles estonteantes da atacante Marta e da ala Rosana, autora dos dois gols, o Brasil passou, ontem, pelo México e está na final do torneio feminino de futebol. A ansiedade em busca do primeiro gol, aliada ao que o técnico Jorge Barcellos definiu como "salto alto", só permitiu à Seleção furar a muralha mexicana no segundo tempo.
A torcida, o 12º jogador, apoiou o Brasil durante todo o confronto e vaiou o México quando achou necessário. Também não se impacientou durante os primeiros 45 minutos, quando a Seleção dominou totalmente as adversárias, mas não conseguiu abrir o placar.
– Enfrentamos uma situação diferente do que havíamos enfrentado até então. O time ficou um pouco ansioso porque o gol não saía. No segundo tempo conseguimos acertar as coisas para fazer os gols – avaliou a capitã da equipe, a zagueira Aline.
Jorge Barcellos, no entanto, preferiu outra definição para a ansiedade:
– Acredito que no primeiro tempo tiveram alguns lances de salto alto. A gente não veio aqui para dar espetáculo. A gente veio para ir para a final.
Independentemente da opinião do treinador, de fato o Brasil abusou de algumas jogadas de efeito no primeiro tempo. Além da paredão mexicano, o excesso de individualidade de atletas como Marta, Cristiane e Daniela complicaram a situação.
Mas, no segundo tempo, após puxada de orelhas do treinador na meninas, o Brasil sobrou.
– No intervalo, chamei a atenção das jogadoras. Não vou citar nomes, mas quando chegávamos na linha de fundo, em vez de cruzarmos, estávamos dando de chaleira, voltando para dar mais um drible e jogar para a platéia. Já tivemos exemplos de que isso não dá certo no futebol – destacou.
Com o mesmo volume de jogo da etapa inicial, entretanto com muito maior objetividade, o Brasil conseguiu se impor diante do forte sistema defensivo das mexicanas. O time do treinador Leonardo Cuellar jogava exclusivamente no contra-ataque. Mas, por intermédio de duas bolas paradas, o time verde-amarelo definiu o jogo. Duas vezes com Rosana.
Na primeira, uma cobrança de falta primorosa no ângulo esquerdo da goleira mexicana Anjuli Guevara. No segundo, através de uma cobrança de falta de Marta, Rosana subiu para cabecear forte sem chances para Guevara.
– Treino faltas na minha equipe (Sveulengbach, da Áustria), mas não na Seleção. Procuro me espelhar no Ronaldinho Gaúcho, só que bato na bola com a perna esquerda.
A atacante Marta, maior destaque do time, sofreu uma pancada na perna esquerda e saiu de campo com uma bolsa de gelo no local.
– Não foi nada grave. Foi um lance normal de jogo, não é nada que me tire fora da final – garantiu.
Fonte: Diário Catarinense