Aeroportuários anunciam greve

Os funcionários da Infraero no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica (em Guarulhos, na região metropolitana), decidiram, em assembléia realizada ontem, cruzar os braços a partir do próximo dia 11 por tempo indeterminado.

Ontem, o governo federal teria oferecido um reajuste de 6% à categoria. Até a noite, o sindicato dos trabalhadores garantiu que não havia recebido nenhuma proposta oficial.

Agreve dos aeroportuários pode agravar ainda mais a crise do setor aéreo. Procurada na tarde de ontem, a empresa preferiu não comentar o assunto.

A paralisação deverá afetar os serviços de segurança, limpeza e manutenção, a fiscalização de pátios de aeronaves, além de serviços administrativos ligados à empresa.

A decisão não engloba os serviços dos aeronautas (comandantes e comissários de vôo) e dos aeroviários (funcionários e prestadores de serviços das empresas aéreas).

Segundo o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Samuel José dos Santos, participaram da assembléia 120 dos cerca de mil funcionários da Infraero em Guarulhos.

Segundo ele, serão mantidos apenas serviços essenciais para não paralisar totalmente as atividades.

– Sabemos que estamos no olho do furacão, mas se não fizermos o protesto neste momento, de nada adiantará – afirmou o sindicalista.

De acordo com Santos, a pauta de reivindicações da categoria inclui 163 itens. Entre os principais estão reajuste de 8,2% nos salários, criação de plano de cargos, carreiras e salários e elevação nos valores dos benefícios pagos à categoria. Como contraproposta, segundo o sindicalista, a administração da Infraero ofereceu 4% de reajuste, mas avisou que, para concedê-lo, reduzirá os valores e benefícios para os aeroportuários que ingressarem na empresa. No final da tarde, o governo elevou a proposta para 6%.

– É minimamente absurda essa proposta. Queremos a discussão de todas as nossas cláusulas – afirmou.

Santos cita o crescimento da receita operacional observada pela gestão da Infraero ao longo do ano de 2006, de R$ 2 bilhões, valor 16,4% superior ao exercício de 2005. O balanço da empresa aponta um prejuízo de R$ 153 milhões em 2006, provocado por problemas com a transação da Varig.

A categoria reivindica ainda a saída do presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira do cargo. Os aeroportuários iniciaram a assembléia por Guarulhos porque o terminal é o mais requisitado do sistema da Infraero.

A Infraero
O relatório da gestão de 2006 da Infraero aponta que a empresa é responsável pela administração de 68 aeroportos, 32 terminais de logística e carga. Está presente em todos os estados do país e reúne 26,5 mil funcionários, sendo próprios e terceirizados.
O relatório mostra ainda que os aeroportos administrados pela estatal concentram cerca de 97% do movimento do transporte aéreo regular no Brasil, o que equivale a 1,9 milhão de pousos e decolagens de aeronaves nacionais e estrangeiras, transportando aproximadamente 102,2 milhões de passageiros por ano.