Preço do combustível varia até 30% em SC
Simone Kafruni | simone.kafruni@diario.com.br
Enquanto a Petrobras mantém inalterados os preços dos combustíveis, apesar da queda do barril de petróleo no mercado internacional — chegou a US$ 147 em julho do ano passado e despencou para US$ 50 —, a variação entre os valores praticados nas 10 principais cidades de Santa Catarina chega a 23% na gasolina e 30% no álcool.
Em Itajaí, o litro da gasolina pode ser encontrado por R$ 2,199, o menor valor do Estado. Já em Florianópolis e São José, onde está o litro mais caro, a gasolina pode custar até R$ 2,699.
Essa grande variação foi tema de discussão no Encontro Sul-brasileiro de Revendedores de Combustíveis, realizado pela primeira vez em Santa Catarina, em Gaspar, durante o final de semana.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Litoral Catarinense e Região (Sincombustíveis), Algenor Costa, em Itajaí, o preço é o mais baixo do Estado por causa da concorrência predatória.
— Há suspeita de sonegação de impostos nestes postos que praticam preços muito baixos. Inclusive, já foi comunicado à Secretaria da Fazenda e um fiscal teve seu carro alvejado enquanto fazia a fiscalização, há duas semanas. Estamos com esta guerra de preços há mais de oito meses — justifica.
Conforme ele, os que pagam imposto reduzem suas margens a patamares insuportáveis para o pagamento de encargos, impostos e custos para competir com os sonegadores. Costa não sabe explicar o porquê da diferença de preço tão grande entre municípios.
— As distribuidoras cobram mais caro em determinadas cidades. O preço de compra dos postos também tem grande variação em Santa Catarina, de R$ 2,09 a R$ 2,27. Discutimos sobre esta diferença no evento, que reuniu mais de 500 representantes do setor. Vamos buscar as respostas na Agência Nacional do Petróleo — afirma.
Florianópolis e São José têm a gasolina mais cara do Estado. Apesar de alguns postos fazerem promoções com o litro a R$ 2,420, a maioria vende por R$ 2,599 e alguns estabelecimentos, principalmente em Coqueiros, na Capital, comercializam o litro da gasolina por R$ 2,699, o maior valor de Santa Catarina.
O presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis de São José e Região (Sindcomb), Adriano José Matias, também credita à sonegação e à concorrência predatória as promoções existentes na região.
— Quando um posto faz uma promoção, os vizinhos são obrigados a acompanhá-lo porque já estão perdendo o movimento para ele, então baixa o preço também para não perder tudo, mesmo tendo prejuízo. Isso mata o setor — avalia.
Na Capital, a justificativa para o preço mais alto do Estado, conforme Matias, é porque a cidade tem postos demais. Enquanto nas outras capitais, um posto vende em torno de 250 mil litros por mês, em Florianópolis a venda média é de 120 mil litros por mês.
— Apesar da comercialização ser quase a metade, os custos são os mesmos, de aluguel e insumos. O setor está inflado. Hoje, cerca de 30% dos postos da região estão à venda por causa disso. É um mercado difícil, com muita evasão fiscal, problemas ambientais, taxas. Tudo isso se reflete nos preços — explica.
No caso do álcool combustível, segundo o Sindcomb, o litro é comprado pelos postos por valores entre R$ 1,43 e R$ 1,46, portanto qualquer venda nestes patamares, como em Itajaí, onde o litro é vendido a R$ 1,45, só pode ser justificado por evasão fiscal.
Diário Catarinense