Índios querem interdição da Reserva Duque de Caxias em Santa Catarina

Isabel Kiesel | isabel.kiesel@santa.com.br

Na entrada da Reserva Indígena Duque de Caxias, em José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, uma cancela improvisada de madeira impede o acesso de agricultores à área. Um índio com um facão na cintura é quem controla o movimento de entrada e saída. Depois de duas semanas de protestos, os indígenas reivindicam agora a interdição da área em litígio.

O objetivo é proibir a exploração de atividades agrícolas na região até que se decida sobre a demarcação das terras da reserva, que abrange as cidades de José Boiteux, Vitor Meirelles, Doutor Pedrinho, Rio Negrinho e Itaiópolis. Na tarde desta quinta-feira, representantes das sete aldeias discutiram medidas para agilizar o processo judicial com o procurador federal Derli Fiuza, na sede da Funai.

— Enquanto não for decidido definitivamente sobre a demarcação, as mobilizações vão continuar. E queremos a interdição da área como garantia — disse o cacique Enoque Caxias Popó, da Aldeia Figueira, onde nesta tarde havia mais de 200 índios reunidos aguardando por novidades no processo.

— Todas as liminares foram caçadas. Agora podemos começar a demarcar. Mas primeiro precisamos resolver a situação do conflito, garantir segurança — completou o procurador.

De manhã, sete policiais militares, com armas em punho, faziam a segurança na localidade de Rio Denecke II, em Vitor Meireles. Os militares estavam posicionados no local onde os indígenas montaram uma barreira segunda-feira, quando o agricultor Jairo Francisco Sepka, 28 anos, foi baleado. O reforço de efetivo é para garantir a segurança de voluntários e funcionários da prefeitura que trabalham na construção de uma ponte de madeira no entorno da reserva.

— Passamos a noite inteira acordados, ouvindo os disparos feitos pelos índios. Atiraram mais de 15 vezes contra o meu irmão s desabafou Altair Sepka, que mora próximo à entrada da reserva.

Diário Catarinense