Acusado de matar menino em Concórdia é condenado a 23 anos de prisão
Darci Debona | darci.debona@diario.com.br
O acusado de matar o menino Bruno Zardinello, de seis anos, em abril, em Concórdia, no Meio-Oeste, foi condenado 23 anos de prisão nesta quinta-feira, em júri que durou quase 14 horas. O julgamento começou às 8h45min e terminou às 22h15min.
Cristiano de Oliveira foi condenado pelo homicídio com as qualificadoras de motivo torpe (vingança), asfixia e de forma que impossibilitou a defesa da vítima. Ele também foi condenado por ocultação de cadáver, corrupção de menores e coação de testemunhas, o que aumentou a pena. A defesa pode recorrer.
O júri iniciou com os depoimentos das testemunhas, sendo três de acusação e duas de defesa. O delegado Glademir Langa, que conduziu as investigações, foi o primeiro a depor. Seu depoimento foi o mais demorado dos cinco, durando uma hora.
Langa afirmou que Cristiano de Oliveira foi o autor do crime, com a colaboração de um irmão de 14 anos. Um terceiro irmão, de 11 anos, teria contribuído para o crime, convencendo Bruno a ir até a pedreira, onde os outros dois irmãos aguardavam. Em seu depoimento, Cristiano apenas se limitou a negar a autoria do crime.
— Sou inocente, não fiz nada disso — afirmou o réu.
O advogado de defesa, Emílio Guerreiro, tentou mostrar algumas falhas na investigação, afirmando que não havia prova concreta, insinuando que os depoimentos dos irmãos do réu foram obtidos através pressão policial. Durante o júri, ele até entregou uma carta de Cristiano relatando que teria sido agredido por policiais que insistiam para que confessasse o crime. O delegado disse que não poderia se manifestar sobre o assunto nesta quinta-feira.
Uma das testemunhas de defesa, Marisa Ribeiro, disse que os policiais insistiram em perguntar se ela se não teria visto Cristiano passar pelo bairro na tarde do crime, enquanto ela afirmava que tinha visto apenas os irmãos dele.
O promotor Daniel Teylor procurou demonstrar que o trabalho da polícia apresentou algumas falhas, mas que isso não invalidava as provas. Ele trouxe o depoimento de uma conselheira tutelar, Marli Santhier, que acompanhou alguns depoimentos dos menores e disse não ter havido nenhuma pressão dos policiais.
Teylor afirmou que o irmão adolescente de Cristiano chegou a ser ameaçado com um revólver, o que o fez apresentar diferentes versões do fato. Citou que a polícia poderia ter incriminado o irmão, mas continuou as investigações que levaram à autoria de Cristiano.
O motivo do crime, de acordo com o promotor, seria uma vingança contra o pai de Bruno, Luiz Zardinello, a quem eram atribuídos comentários que Cristiano e seu irmão teriam praticado furtos.
Familiares do acusado e da vítima acompanharam o júri, que teve os 120 assentos lotados e foi presidido pela juíza Ana Karina Arruda Anzanello. Algumas pessoas tiveram que sentar no chão para acompanhar o julgamento, considerado o mais importante de Concórdia nos últimos anos.
Uma irmã do réu, Cristiana de Oliveira, foi barrada ao tentar entrar com uma faca na bolsa. Ela foi conduzida até a delegacia onde assinou um termo circustanciado. Ela alegou que o objeto era utilizado para apontar lápis.
Diário Catarinense