Em ação conjunta, bancos centrais mundiais anunciam corte de juros

O Federal Reserve (Fed, banco central americano), o Banco Central Europeu (BCE) e outras quatro autoridades monetárias da Europa e da América do Norte acertaram nesta quarta reduções simultâneas de 0,5 ponto percentual nas taxas de juros para enfrentar a crise financeira, informaram estas instituições.

Esta foi a primeira vez na história que os bancos centrais adotam cortes simultâneos de juros, uma medida que completa as injeções conjuntas de liquidez que vêm realizando desde agosto de 2007 para reduzir as tensões no sistema financeiro. A última atuação conjunta foi em 17 de setembro de 2001, mas limitou-se apenas ao Fed e ao BCE, que baixaram suas taxas básicas também em 0,5 ponto percentual.

A esta ação coordenada de Fed, BCE, Banco da Inglaterra, Banco Nacional da Suíça, da Suécia e do Canadá somou-se o Banco da China, que aprovou uma redução um pouco menor (0,27 ponto percentual), enquanto a autoridade monetária do Japão "expressou seu forte apoio a esta política de atuação", mas não cortou os juros.

Após esta ação conjunta, a taxa básica da zona do euro baixará de 4,25% a 3,75% em 15 de outubro, quando a medida entrará em vigor, anunciou o BCE, que tinha previsto se reunir na quinta. Nos Estados Unidos, a redução deixará os juros em 1,5%, frente aos 2% que estavam fixados desde abril.

Por sua vez, o Banco da Inglaterra baixou os juros até 4,5%, enquanto o Riksbank (Banco Nacional da Suécia) baixou a taxa básica para 4,25%; e os bancos da Suíça e do Canadá as fixaram em 2,5%.

Justificativas

Em seus respectivos comunicados, os bancos centrais justificaram a decisão pela redução da inflação, principal obstáculo até o momento para cortar os juros, e insistiram na necessidade de combater a crise financeira.

"Apoiaremos a estabilidade de preços a médio prazo e o crescimento sustentado e o emprego a fim de contribuir à estabilidade financeira", declarou o BCE. Na semana passada, em reunião ordinária da autoridade monetária, o juro básica na região havia sido mantido em 4,25% ao ano pela terceira vez seguida.

Já o Federal Reserve explicou que "a intensificação recente da crise financeira aumentou os riscos intrínsecos para o crescimento e isso, por sua vez, diminuiu os riscos para a estabilidade de preços". Além disso, insistiu em que "a intensificação das turbulências do mercado financeiro provavelmente causarão restrições adicionais da despesa, em parte porque reduzirão a capacidade das famílias e empresas de obter empréstimos", acrescentou. O Banco da Inglaterra anunciou que a medida não resolverá problemas financeiros.

A China anunciou um corte das taxas de juros de 0,27 ponto percentual, para 6,93%, com o objetivo de "acelerar a economia doméstica ante as preocupações financeiras mundiais". Esta é a segunda diminuição das taxas de juros realizada pelo Banco Popular (central) da China em três semanas, já que no dia 15 de setembro decidiu o corte de outro 0,27 ponto percentual.

Segundo um comunicado do Banco Nacional da Suíça (BNS), "a crise financeira global se intensificou e está tendo um impacto considerável na economia internacional. O arrefecimento da atividade econômica nos Estados Unidos e na Europa é mais severa do que o BNS tinha previsto em sua última avaliação da política monetária".

A entidade afirmou que neste contexto "a economia suíça também está atingida" e que o crescimento em 2009 "será mais fraco do que o calculado na última previsão". A taxa de crescimento para a Suíça no próximo ano era calculada para 1,3%. A entidade também explicou que ante a melhora nas previsões da inflação, como resultado da crise econômica e da diminuição do preço do petróleo, o BNS "está em condições de afrouxar sua política de controle".

Outra medida do Banco Central Europeu

Além disso, o BCE concedeu 50 bilhões de euros a um prazo de 182 dias e a uma taxa de juros marginal de 5,36% e informou que 181 bancos participaram desta operação de refinanciamento e pediram 113,793 bilhões de euros.

O volume do valor colocado nesta quarta à disposição pelo BCE dobra o que foi até agora habitual neste tipo de operações de refinanciamento extraordinário. O banco europeu afirmou nesta terça que procederia a este aumento ante a persistência de distorções no mercado interbancário. Com informações de agências.

AE E EFE