Polícia colheu 10 depoimentos até o momento
Os depoimentos sobre a tragédia do dia 9 de outubro na BR-282, em Descanso, no Extremo-Oeste, que deixou 27 mortos e 90 feridos, ainda estão sendo colhidos em ritmo lento. Até ontem à tarde apenas 10 pessoas haviam sido ouvidas na cidade e três em São Miguel do Oeste.
O delegado da Polícia Civil de Descanso, Rudinei Charão Teixeira, acredita que os depoimentos podem demorar mais do que o previsto.
– As pessoas ainda estão muito comovidas.
Segundo o delegado, o tempo gasto para coletar informações neste caso pode demorar uma hora, pois as pessoas se emocionam e até choram ao relatar o que aconteceu, enquanto o normal seria metade disso.
Outro problema é a situação de saúde dos feridos e a falta de tempo de corporações, como no caso dos Bombeiros de São Miguel do Oeste. Do efetivo de 13 pessoas, um morreu, o bombeiro Evandro Daltoé, e oito ficaram feridos. Somente 40% do pessoal está trabalhando.
O bombeiro Tannury Alan Bersch aproveitou a calmaria no início da tarde de ontem para auxiliar a Polícia Civil com seu relato. Ainda emocionado, teve alguma dificuldade para falar. Tannury contou que estava trabalhando no resgate das vítimas do primeiro acidente e não viu o segundo caminhão chegar, nem como foi atingido.
– Fiquei inconsciente e, quando acordei, estava na ambulância.
O bombeiro chegou a ser levado para São Miguel do Oeste, mas, como sofreu apenas escoriações, retornou para o local do acidente a fim de socorrer as vítimas. Depois de cumprida a missão, foi receber curativos no Hospital São José, em Maravilha.
O escrivão Hilário Pilotto disse que até agora as pessoas pouco lembram do que ocorreu.A maior dificuldade está em localizar testemunhas que não ficaram feridas.
Caminhoneiro deve ser ouvido esta semana
Um dos depoimentos mais aguardados é do motorista Rosinei Ferrari, que dirigia o caminhão Mercedes-Benz, com placas de Cascavel (PR), carregado com açúcar, e provocou o segundo acidente. Ele ainda estava internado, ontem, no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, para exames na coluna vertebral, que teve cinco vértebras fraturadas.
O delegado Teixeira pretende ouvi-lo ainda nesta semana. Conforme ele, o motorista será indiciado como culpado pelo acidente.
O perito Luiz Maran confirmou que havia problemas mecânicos e no sistema de freios da carreta, inclusive no isolamento das mangueiras de ar de alguns eixos do caminhão, o que prejudica o sistema de frenagem.
Maran vai comparar os dados com um caminhão-padrão, para verificar a eficiência nos freios da carreta envolvida no acidente. O resultado deve sair na próxima terça-feira.
Para o delegado da Polícia Civil de Maravilha, Rodrigo Barbosa, os problemas mecânicos e de freio não isentam o motorista de culpa, pois ele avançou por dois quilômetros de fila. O delegado acredita que havia meios de parar o caminhão antes da barreira.
Fonte: Diário Catarinense