Lula chega para a incorporação do Besc pelo BB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega a Florianópolis, às 20h30min de hoje, e amanhã assina a incorporação do Besc pelo Banco do Brasil, negócio a ser fechado sem licitação e que renderá R$ 600 milhões aos cofres catarinenses, mais o aumento de R$ 1 bilhão da dívida que o Estado detém com a União.

Lula será recebido pelo governador Luiz Henrique e dorme na Capital, onde tem familiares. Amanhã, às 10h, no Centro Integrado de Cultura (CIC), as autoridades assinam os três contratos que envolvem a transação.

Lula chega respaldado, juridicamente, pela Medida Provisória 2192/70, que instituiu a diminuição da presença de bancos estaduais no sistema financeiro e pelo contrato de federalização do Besc, segundo o qual as contas-salário do funcionalismo devem permanecer em banco público.

Hoje, às 15h, Guilherme André Frantz e Leandro Giacomazzo, coordenadores do processo de incorporação, respectivamente, do Banco do Brasil e do Tesouro Nacional, explicam, em coletiva à imprensa, os detalhes das transações. O secretário de Articulação do Estado, Ivo Carminati, também participa.

Ontem, o cerimonial do Palácio do Planalto confirmou a agenda em Santa Catarina que inclui, também, a ida a Chapecó, amanhã à tarde. No Oeste, Lula e Luiz Henrique inauguram o vertedouro da usina hidrelétrica Foz do Chapecó. De acordo com a senadora Ideli Salvatti, a ordem de serviço para a pavimentação da BR-282, no trecho entre São Miguel dOeste até a fronteira com a Argentina, foi adiada. Primeiro, porque surgiu a idéia de combinar o ato com a presença do presidente argentino Néstor Kirchner.

Manifesto em defesa do banco público

– É preciso combinar com os argentinos, porque eles têm que pavimentar um trecho de 40 quilômetros (para a ligação asfáltica entre os dois países ficar completa) – explicou a senadora.

Amanhã, durante a assinatura dos três contratos, o presidente Lula receberá uma comissão de dirigentes da Movimento Associação Besc Público (Ambesc). Eles entregarão a moção de apoio ao Besc público chancelada pelos 293 municípios e Câmaras de Vereadores de Santa Catarina.

Eles tiveram que ir a Brasília para encontrar espaço na agenda presidencial, garantia dada pelo chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho.

A Ambesc pedirá, também, a manutenção da marca e a das agências em cidades onde só existe o Besc, garantias que, em contrato, segundo a senadora Ideli Salvatti, serão firmadas por seis anos.

( fabian.lemos@diario.com.br )

Entenda o caso
– Em dezembro de 2006, o Bradesco venceu leilão para administrar as contas pelas quais o Estado paga os servidores. O valor oferecido pelo Bradesco foi de R$ 210 milhões.
– Semana passada, um dia antes da votação do 1º turno da CPMF, o governador Luiz Henrique e o ministro Guido Mantega acertaram os detalhes finais da incorporação do Besc pelo Banco do Brasil.
– Decidiram que o BB assumirá a administração das contas-salário do funcionalismo estadual, sem licitação, e pagará R$ 250 milhões.
– Também acertaram que o negócio implica a antecipação da federalização dos títulos do Ipesc, no valor de R$ 270 milhões.
– Esta semana, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, anunciou que pretende acionar a Justiça para embargar os negócios entre SC e a União.
– Ontem, apesar da ameaça do Bradesco, o cerimonial do Palácio do Planalto confirmou a vinda de Lula ao Estado para assinar amanhã a incorporação do Besc pelo BB.

Fonte: Diário Catarinense