Ouro com gosto catarinense

Aos 29 anos, Lucélia Ribeiro, brasiliense que treina em Florianópolis desde o ano passado, na academia Natatorium, tornou-se ontem a maior campeã pan-americana em uma categoria individual do esporte brasileiro. A atleta levou o ouro e conquistou o tricampeonato no caratê, na categoria acima de 60kg.

A representante catarinense venceu as cinco lutas que disputou ontem. Na final, Lucélia bateu a colombiana Ana Escandon por 2 a 1. No meio da luta, ela teve que ser atendida pelos médicos. Só depois disso marcou o segundo ponto, a 11 segundos do final. Assim, repetiu os títulos conquistados nos Jogos de Winnipeg (1999) e Santo Domingo (2003).

– A de Winnipeg foi uma surpresa para mim. Era muito nova e não tinha tanta esperança. Já em Santo Domingo, estava focada mesmo na medalha e conquistei o ouro. Aqui foi a superação de tudo – disse ontem, já que passou por uma cirurgia no joelho logo após os jogos de Santo Domingo.

No primeiro dia de disputa no Pan-Americano do Rio de Janeiro, o caratê brasileiro levou mais três medalhas. Além de Lucélia, veio outro ouro com Juarez dos Santos e uma prata com Carlos Lourenço.

O histórico de títulos da brasiliense é vasto. Além do tri nos Jogos Pan-Americanos, foi duas vezes campeã mundial, oito vezes campeã pan-americana na categoria, tricampeã do Odessur e sete vezes campeã brasileira.

E tudo isso começou como dissidência no balé. Aos oito anos, a menina praticava a dança em Brasília. Num dia em que a professora faltou, Lucélia foi dar uma espiada na aula de caratê. Gostou do que viu e ficou três meses praticando o esporte escondida da mãe, que não aceitava ter uma filha lutadora. Até que vieram os primeiros títulos e a opção da atleta passou a ser encarada com simpatia. No tempo livre, a carateca continua praticando dança.

Lucélia veio para Florianópolis no ano passado por causa de outro carateca. Ela namora Douglas Santos, que também reside na Capital. Eles se conheceram em campeonatos. Atualmente os dois treinam na mesma academia, no Bairro Córrego Grande.

– Ela não é aluna minha desde criança, como é a Dafne (Figueiredo) e o Douglas. Mas fico satisfeito em ter ajudado na preparação dela, com a estrutura física, os médicos e fisioterapeutas – disse Eduardo Porschat, atual treinador da atleta.

Lucélia agora vai torcer para o namorado, a quem beijou muito depois da conquista, que pode levar o ouro amanhã, na categoria acima de 60kg. A carateca Dafne Figueiredo, que também treina na Natatorium, pode subir ao lugar mais alto do pódio no mesmo dia.

Fonte: Diário Catarinense