Escola de Chapecó onde estudavam as crianças afogadas está de luto

Darci Debona | darci.debona@diario.com.br

Uma fita lilás no portão da Escola Básica Municipal Guido Mantelli, em Chapecó, lembra a tragédia que aconteceu no final de semana com três alunas. As irmãs Lauana Manoelli Moreira Pereira, 4 anos, que estudava no pré-escolar, Eduarda Aparecida Moreira Pereira, 7 anos, que estudava na segunda-série e Lilian Caroline Moreira Pereira, 8 anos, que estudava na terceira série, morreram afogadas no final da tarde de sábado, no Rio Passo Fundo, em Nonoai (RS), a 30 quilômetros de Chapecó.

Elas tinham ido passar o final de semana em solo gaúcho para comemorar o aniversário do pai, Ademir Pereira, que completou 28 anos. Ele e a mulher, Andréia Moreira, estavam pescando enquanto as crianças brincavam próximo ao rio, quando ocorreu a tragédia. 

A maneira como elas se afogaram ainda não foi bem esclarecida. Os pais ainda tentaram reanimar as crianças e foram até o posto fiscal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, no porto Goio-Ên, em Nonoai, para pedir socorro. Quando os policias chegaram constataram que as crianças já estavam mortas. Elas foram para necropsia na cidade de Frederico Westphalen, onde foi confirmada que a causa da morte foi afogamento. No domingo, as três crianças foram enterradas no município de Faxinalzinho, onde moram os avós. 

— Foi terrível ver os três caixões, um do lado do outro — disse a diretora da escola Guido Mantelli, Magali Santin. 

Ela estava entre os moradores da Vila Mantelli, onde morava o casal, que fretaram um ônibus para ir ao enterro. A diretora afirmou que as três eram muito queridas nas escola. 

— Cancelamos as aulas pois elas faziam parte da nossa família — explicou. 

Magali disse que vai ser difícil explicar o que aconteceu para os 280 alunos do pré-escolar à quinta série. Por isso uma pessoa da comunidade será convidada para falar sobre o assunto e fazer uma oração. Fotos em que aparecem as três irmãs foram espalhadas pela escola. A professora Valderes Riboli Fante, que deu aula para Lilian e atualmente dava aula para Eduarda, fez um cartaz para a aluna da segunda série. Ela também separou a prova e um trabalho que a aluna tinha feito na semana passada. 

— Ela havia se desenhado como uma princesa — disse a professora, que perdeu a aluna que tinha acabado de alfabetizar. 

— Ela era uma boa aluna, carinhosa e humilde — disse Valderes. 

Além da escola, a comunidade ficou abalada. 

— A vila toda está em silêncio — disse a diretora, Magali Santin. A casa onde mora o casal, está fechada. 

— Eles estão muito abalados e devem ficar mais uns 15 dias em Faxinalzinho — disse a vizinha Liamar Mantelli. 

Ela também foi ao enterro e não conseguiu falar com os pais, que estavam desesperados. A comunidade também está em luto. 

— Todo mundo está chocado — disse Liamar. 

Outra vizinha, Noemi Calonego, disse que nem consegue dormir direito, lembrando das meninas que brincavam na vizinhança. Ela nunca mais vai vê-las passando para ir à escola.

Diário Catarinense